Este blog é uma ferramenta indispensável para divulgar meu trabalho e para um enriquecimento dos que se dedicam a pesquisa em educação.

Usem sempre quando precisarem e, quando citarem é necessário que seja mencionado:
OLIVEIRA, Michele Pereira. www.educacaoeinclusao.blogspot.com
Obrigada, e estou a disposição sempre que necessário nos endereços de e-mail indicados.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Incluir para se emocionar!




Mais uma vez levanto bravamente a bandeira pela inclusão social.
Só aqueles que estão abertos a respeitar as diferenças podem enxergar as profundas modificações que acontecem quando conseguimos nos pôr além das diferenças e incluir sem qualquer preconceito.
Incluir é muito mais que simplesmente respeitar os outros, é vivenciar o amor pelo outro sem olhar para olhinhos puxados, característicos da síndrome de down, sem ver nos óculos escuros e nas bengalas condutoras, olhos que não enxergam, sem ver nas palavras não escutadas ou nos sons não emitidos surdos e mudos, sem olhar para uma cadeira de rodas e ver uma pessoa impossibilitada, limitada por uma deficiência física, é enxergar muito além disso e compreender que os diferentes precisam de atenção, e uma atenção imediata para que não mais sejam excluídos socialmente, nem precisem viver à margem de uma sociedade esmagadora, que não mais escraviza, mas que é extremamente escravagista.
Só quem consegue vivenciar momentos que superam as limitações podem verdadeiramente entender da minha luta.
Entretanto, a inclusão não pode mais ficar apenas nas palavras proferidas, nas leis, nos livros escritos, precisa acontecer, e primeiramente no coração de cada cidadão.
É através da inclusão e dos lindos exemplos de superação que conseguiremos formar uma sociedade que inclua de fato, e esse primeiro passo acontece quando abrimos as portas de nossas escolas para acolher a todos.
Minha luta não pode ser só mais uma que fica nas palavras escritas, porque só quem vivencia um momento de extrema delicadeza e de infinita sensibilidade sabe do que falo.
Pela segunda vez relato um fato que me aconteceu, e faz minha luta pela inclusão sair novamente do meu certificado de Especialista em Educação Inclusiva e se põe nas páginas da minha própria história e aumenta ainda mais minha paixão pela causa da Inclusão.
Novamente, em um mês, em decorrência do meu sério problema nas articulações, luxei meu pé, descendo um degrau. A dor é imensa, e mais ainda a possibilidade de um dia não poder andar mais. Pé imobilizado novamente, dificuldade para andar, novo desgaste nos ligamentos. Saí pra comprar remédio porque a dor era grande, e olhinhos me fitaram dentro do carro, e enxergaram no meu pé inchado, imóvel, e uma deficiência infinitamente menor que a dele. Rafael! Esse era o nome dele ( fiz questão de publicar seu nome, seu ato foi muito maior que eu e infinitamente superou a minha dor no momento) e como ele mesmo disse pra mim, tenho nome de anjo! Um sorriso lindo que me acompanhou até que o carro parasse, e quando abri a porta, estava ele ali paradinho, com a mão estendida pra mim e o sorriso mais lindo que vi naquele dia.
Machucou o pé? E dei a mão a ele, que me ajudou a descer, e me amparou quando novamente me desequilibrei. Entrei na farmácia, e achei que ele tinha sumido em meio as pessoas, mas não quando desci o degrau da farmácia, estava Rafael novamente com a mãozinha estendida pra me amparar até que entrasse no carro novamente. Com um Feliz Natal, ele se despediu com um sorriso mais bonito que o primeiro.
Filho de uma comunidade carente, mas que provavelmente foi incluído em algum momento de sua vida! Tamanha delicadeza, tamanha generosidade, tamanho e apaixonante ato!
É esse o fruto da inclusão! É esse o verdadeiro sabor da inclusão! É por essas e outras passagens que sinto-me na obrigação e no dever, de levantar sempre essa bandeira, e trazer comigo para luta tantos quanto se sentirem sensibilizados com a causa e a queiram vivenciar também com o mesmo respeito e seriedade que eu.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Educação x Emoção


Não há como falar em educação sem que esta esteja atrelada à emoção.
É fácil sentir e perceber tal co-relação: lembre-se da primeira palavra que conseguiu ler sem errar. Consegue, lembrar-se da emoção do poder da leitura? Do mundo se descortinando ante seus olhos, das viagens imaginárias nos contos de fadas? Dos príncipes e princesas e do mapa do tesouro escondido?
Também é fácil perceber que o ato de educar, está intrinsecamente relacionado a uma teia de emoções que ora são positivas e ora são negativas.
Positivas quando torna o aprendizado uma divertida aventura, cheia de caminhos a serem percorridos, cheios de desafios, mas que ao fim do processo, o tesouro do saber será encontrado e as moedas de ouro da aprendizagem encherão nossos olhos de contentamento e orgulho, e uma grande sensação de “eu posso” , “eu consigo” que alimentam a auto-estima nos vêem como a grande recompensa do saber.
Entretanto, a aprendizagem pode ser o pior dos pesadelos, cheio de areias movediças, e com caminhos escuros, que não se chegam a lugar algum, que atormentam nossas crianças, aniquilam sua auto-estima, as tornam introspectivas e retraídas, e com uma sensação insuperável de “eu não posso”, “eu não consigo” e, é aí nesse momento que o sentimento de incapacidade se instala no inconsciente da criança e se tornará uma sombra que andará ali lado a lado com ela.
É de fundamental importância em nossa prática docente que saibamos avaliar, em qual estágio se encontram nossas crianças.
Se a aprendizagem tem sido uma aventura do saber ou um pesadelo, se estamos conseguindo acionar os passageiros do tempo que existem em cada criança e fazendo com que eles dêem asas à sua imaginação e capacidade de criação e verdadeiramente viajando em cada situação e conseguindo produzir em seu imaginário cada dado ali exposto e traduzindo isso em conhecimento, alimentando nossos pequenos com sonhos a serem realizados, e possibilidades, ou se estamos fortalecendo um imaginário com sombras, com dúvidas, com incertezas, onde lagartos se transformam em dragões assustadores que aprisionam nossas crianças em um labirinto sem saída e que a cada novo dado apresentado se torna ainda mais distante a saída.
Precisamos estar atentos a qual caminho estaremos apresentando e oferecendo a nossos alunos.
A educação não deve mais ser tratada como era antigamente, onde não se formavam cidadãos críticos, apenas formavam-se pessoas que repetiam teorias prontas, sem muito o que ser questinado, e em conseqüência disso, perdeu-se o prazer pela educação e esta foi um fardo para muitos, que iam à escola sem saber muito da sua real necessidade, e do real ganho que se teria ali e em conseqüência desse não saber, abandonavam o cominho pela metade, sem colher grandes frutos.
A educação tem que ser muito mais que isso, tem que oferecer muito mais que conhecimentos prontos e pré-estabelecidos, precisa proporcionar caminhos.
A educação precisa mostrar sua mágica, sua cara e seu encantamento.
Essa é nossa função enquanto professores, muito mais que educar, mas encantar, tornar a arte de ensinar um grande aprendizado, mútuo, onde ambas as partes se complementam, porque é impossível dizer que ensinar não anda de mãos dadas com aprender.
Cada professor adentra sua sala de aula, com um saber, mas sai desta com outro, cada professor chega com uma visão de mundo, e sai transformado.
Essa é a grande mágica da educação! A troca! E se percebermos, não há vida sem troca!