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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A educação - caminho fundamental para um novo rumo


A educação caminho fundamental para um novo rumo.*

Michele de Oliveira Pereira**




RESUMO

Este artigo trata em três capítulos de um estudo de dois textos, onde são tratadas questões dos problemas gerados pelas especializações, por Geymonat, em segundo momento, da O mito do contexto – Ciência: problemas, objetivos e responsabilidade por Popper, finalizando com uma análise paralela fundamentada nos textos anteriormente citados, das questões da educação pública no Brasil, seus entraves, seus obstáculos, bem como as conseqüências da falta da educação na vida contemporânea. Vem lançar um neologismo em função das observações geradas na práxis da sala de aula. Trata da importância da educação e da necessidade de mudanças emergenciais de uma educação para a manutenção da igualdade e da evolução dos novos tempos e desafios.

Palavras-chaves: educação, compromisso, ciência, problemas, especialização, analfabetos funcionais, alfabéticos funcionais, mudanças.



INTRODUÇÃO

A educação no Brasil hoje bate recordes numéricos, entretanto, ainda há regiões onde são encontrados bolsões de miséria onde a educação para todos ainda é uma grande utopia.
Apesar dos grandes índices de crianças, jovens e adultos matriculados nas escolas públicas e dos incentivos financeiros para a manutenção principalmente das crianças e adolescentes nas escolas, garantindo seu afastamento do trabalho infantil, realidade presente em um passado muito próximo, a educação ainda não se dá a nível satisfatório, de forma que possa garantir uma sociedade igualitária com iguais condições de competição.
Muito há que ser feito para que haja uma mudança efetiva no quadro educacional brasileiro, visto que é só a partir da educação em massa, do compromisso dos docentes, que se dá o crescimento econômico e social de uma nação.
Tal mudança há que ser urgente, visto a crescente economia nacional e os desafios das novas tecnologias. Educação tem que ser para todos, mas não a nível de mais um banco na escola, a nível de aprendizagem satisfatória, que possibilite a todos igualdade de oportunidades.
Este artigo é composto de três capítulos que expõem a problemática da educação pública observada em escolas onde leciono, sob a ótica dos textos analisados. Retratando também problemas afins de outras escolas públicas do Estado do Espírito Santo, bem como políticas públicas de educação.

1 – ANÁLISE DOS TEXTOS E COMENTÁRIOS:

1.1 - O PROBLEMA DA ESPECIALIZAÇÃO – GEYMONAT (1985).

Geymonat (1985), vem em sua obra onde cita Comte, dizer da repartição das ciências, maximizando o potencial de cada sujeito, repartindo por necessidade cada ramo da ciência a fim de otimizar cada potencialidade subjetiva, desta forma demonstrando e explorando os saberes individuais, organizando e subdividindo assim o mundo científico evidenciando seus objetivos, métodos e estruturas. Cada ramificação científica evoluindo a seu tempo e no compasso das ciências geradoras, entretanto, nenhuma ciência é ou está pronta, evolui a cada momento e de acordo com as conquistas tecnológicas e com as necessidades advindas de cada época, fundando-se assim o princípio da especialização em face a delimitação dos campos de pesquisa.
Essa repartição delimitadora favorece a não dispersão do cientista para outros campos, podendo assim cada pesquisador se dedicar a sua área específica de pesquisa e esgotar seu potencial naquele campo particular, sem se preocupar com outros ramos que não o seu, explorar cada problema que surgir a fundo, na intenção de produzir uma sequência lógica de respostas e se organizar com seus pares ou com sua comunidade científica para possíveis soluções que atenda as demandas de um problema social.
Em contrapartida, a ciência tornou-se fechada, e com a instauração das comunidades científicas, deixou de existir uma interligação entre os diversos saberes. Esse fenômeno apesar de todo processo evolutivo da ciência ainda pode ser observado nos dias atuais, faltando aos cientistas interesse e comprometimento com outros campos científicos que não sejam os seus, mesmo que as causas de problemas estejam estritamente relacionados a outros campos de pesquisa, comprometendo com esse isolamento quase egoístico e com o tecnicismo particular a evolução e os destinos da cultura e consequentemente, da civilização.
No fechamento da especialização não se pode vislumbrar um problema em âmbito geral, apenas sob uma ótica restrita, não podendo assim dar cabo a um mal estar social com maior amplidão e rapidez, apenas ao que incomoda uma comunidade específica de pesquisa.
Outro entrave para o melhor aproveitamento das especializações para o bem comum, ou seja para dar conta das demandas sociais é o uso de códigos/ terminologia especializada, tornando os resultados das pesquisas produzidas, de difíceis compreensões e ou até indecifráveis de um campo científico para outro, atrasando com isso o processo evolutivo da ciência, uma vez que gera uma outra pesquisa a fim de entender o que foi proposto por uma teoria anterior de outra especialização mesmo que se co-relacionem.
Para uma clarificação da ciência e até mesmo para sua falsificação, que nada mais é que pôr a prova as teorias existentes, que é o caráter primordial da ciência, segundo Popper, é necessário que os códigos que traduzem resultados de pesquisas sejam acessíveis a todas as comunidades científicas e entendíveis aos que não pertencem a nenhuma dessas comunidades, e é a falsificação que dá vigor a ciência e consequentemente às teorias dela originadas, e uma vez ditada em códigos acessíveis, torna-se necessariamente falsificável ou não uma vez que facilita a sua interpretação – assim se dá o processo de desenvolvimento das ciências.
Diante da prova, toda teoria pode ser falsificada o que não a destitui de ser ciência, e toda teoria tem caráter provisório, o que deixa claro que nenhuma ciência é definitiva, e sim em construção, que se dá diante da observação das novas necessidades que advém da própria evolução humana, e toda teoria falsificada só a é quando da emersão de uma nova teoria que dê conta de falsificar, justificar e substituir a anterior respondendo as questões advindas das suas necessidades geradoras.
Pode-se simplificar esse processo de falsificação como a roda da vida da ciência – cíclica e permanentemente em construção.
A má interpretação dessa construção permanente se dá quando cada especialização se fecha em suas comunidades, uma vez que se perde o sentido de que a ciência apesar de suas ramificações é única e deve atender a um bem comum e social, capaz de transformar o seu tempo. Para tanto, é preciso que as ciências se mesclem, mesmo que ditadas pelas especializações, mas que se façam abertas, comunicáveis e interdisciplinares e que os resultados se misturem, uma vez que só assim haverá clareza e desenvolvimento contínuo, onde a ciência não se desfaz da técnica e assim respectivamente – complementam-se, uma fornecendo problemas, estímulos e novas perspectivas à outra.
Não há como pensar em ciência sem relacioná-la às especializações. Com a subdivisão dos saberes em especializações, as diversas ciências são produzidas por comunidades que se formam a partir das particularidades.
Desta feita, o processo evolutivo das ciências se dá de forma linear, mediante aos problemas que surgem e precisam de respostas para conter um mal estar social.
As comunidades científicas se formam e se fecham em seus campos de pesquisa, caracterizando o processo evolutivo da ciência, entretanto muitas vezes, esse fechamento se dá para que não se disperse o foco da pesquisa, reforçando desta forma as especializações.
Cada campo se fecha a partir do momento em que os problemas são delimitados e tornam-se responsabilidade de grupos específicos de pesquisadores.
Assim, respostas plausíveis, momentâneas e falsificáveis são produzidas para dar conta de problemas específicos de cada campo pesquisado.
Não dispersando o foco da pesquisa, mais claras são as teorias elaboradas, e mais facilmente são postas à prova, e assim podendo ou não ser falsificáveis, e em sendo falsificável, mais facilmente há um retorno à pesquisa a fim de se trabalhar outras teorias que a substituam, dando um caráter contínuo, cíclico e permanente à pesquisa.
Um aspecto negativo da especialização entretanto que não pode ser deixado de lado, é que o fechamento da ciência nas especializações não favorece à produção interdisciplinar, somente beneficiando as pesquisas advindas de problemas específicos à cada área de pesquisa, sem levar em consideração que muitos problemas se co-relacionam e necessitam de soluções interdisciplinares para uma melhor e mais abrangente tentativa de solução.
Fechados em especializações os campos de pesquisas científicas se fecham também em suas terminologias específicas, dificultando desta forma uma comunicação facilitada entre os diversos campos científicos, uma vez que também esta se torna específica, necessitando de nova pesquisa para se entender seus resultados, gerando entraves na falsificação ou validação de teorias, retardando desta forma as aplicações das teorias na solução dos problemas geradores.
Um ponto favorável a especialização se dá quando uma comunidade científica se empenha em resolver um problema específico e produzindo teorias que tentem dar conta do mal social causado por uma demanda. Assim, motivados, os cientistas comprometem-se a buscar soluções para os problemas geradores. A ciência está assim evoluindo há décadas, buscando soluções. Desenvolvendo teorias. Se deparando com novas problemáticas, lançando tais teorias à prova, dando vida a ciência que nunca está ou estará pronta. Esta característica cíclica da ciência movimenta a vontade humana, que nunca pára e se constrói a cada momento. A ciência acompanha a evolução humana e, se faz de acordo com os problemas advindos de tal evolução. O tempo passa e a ciência está pareada. Não há condição de evolução sem que a ciência acompanhe.
Observando pelo aspecto negativo da especialização é importante apontar que enquanto houver uma separação das ciências ditada pelas especializações, a evolução se dá de forma desagregada, onde ramos da ciência evoluem de forma desigual, onde alguns destes tem maior foco e maior crescimento, favorecendo uma evolução desigual sem que hajam estudos em conjunto visando um benefício interdisciplinar em prol do bem comum social, desfavorecendo um crescimento linear, proporcionando picos de crescimento por áreas.
As diversas áreas da ciência para uma evolução e crescimento proporcional precisam trabalhar conjuntamente para que haja um crescimento global da sociedade, inclusive da sociedade científica que tem em comum o compromisso com a evolução da humanidade e com os problemas peculiares desta.

1.2 - O MITO DO CONTEXTO - CIÊNCIA: PROBLEMAS, OBJETIVOS E RESPONSABILIDADE – POPPER (1999).

Segundo Popper (1999), a história do homem pode-se definir como a história do preconceito e do dogma, que ainda hoje são mantidos e combinados com intolerância e fanatismo – muito observado nos movimentos religiosos que e arrastam pelos dias atuais, observável nas guerras movidas por ideologias e por ou por defesas religiosas, onde homens vivem, guerreiam e ainda morrem por seus ideais,
Cita Bacon para elucidar tal fato, profeta da religião secularizada da ciência, quando ousadamente substitui Deus pela natureza, fundando a Ciência da Natureza, onde o poder Divino e seus desígnios eram trocado pelas forças da Natureza e pela seleção natural. O determinismo teológico pela previsibilidade da natureza uma vez que para Bacon a natureza era extremamente previsível, e encontrava-se presente em todas as coisas – das maiores às menores.
À nova ciência cabia a tarefa de determinar a natureza/essência de todas as coisas, para tanto era preciso uma aproximação da natureza com a mente pura, livre de preconceitos, a fim de que assim, ela pudesse se nos revelar. Sua teoria embora ingênua, grandiosa e duradoura, é inacabada, servindo de luz para muitos cientistas e filósofos.
Para Bacon, a ciência nasce da observação, e critica arduamente a impaciência do homem que lhe gera conclusões precipitadas – traduzidas pela antecipação da mente que se faz carregado de preconceitos.
Com a mente purificada, não há espaços para preconceitos, ou elaborações pré estabelecidas, toda observação passa a ser desvinculada de qualquer teoria já conhecida ou interiorizada, assim há uma aproximação com a natureza e uma elaboração teórica pura, sem distorções.
As causas dos erros são as induções, por teorias já existentes. Através da experimentação que se dá a ciência pura.
Entretanto, Popper, teoriza contrariamente a pureza da mente, uma vez que considera ingênua tal teoria, e só é possível considerar uma crença preconceituosa após a evolução da pesquisa científica que nos leva a descartá-la. A libertação do preconceito pode levar-nos a um apego maior ao próprio preconceito e assim a elaboração de uma teoria sintomática, podendo a libertação de idéias, o esvaziamento da mente nos levar a um mente vazia, e não purificada.
Teorias nascem de observações experimentais, portanto, deve ser estruturada e formulada a fim de que possa ser defendida, mas, importante ressaltar que a interpretação baseada em teorias, pode confirmar e fortalecer preconceitos, assim sendo, a produção orna-se comprometida, uma vez que os preconceitos não nos deixam aprender com a experiência, formando uma barreira contra o avanço da ciência por meio da observação e da experiência.
Embuídos de preconceitos, dificilmente teremos uma visão clara do problema a ser observado, e sua interpretação estará fadada à direção de nossas crenças, e portando reforçada.
Ao apoiarmos nossa observação em teorias, esta sempre parecerá ter respostas claras, desvinculando tais observações da observação pura.
Popper entretanto, opina sobre as teorias de Bacon e propõe soluções a problemática gerada por suas teorias: toda teoria empírica deve ter recursos capazes de descrever quaisquer resultados da observação ou experiências para que possa ser refutada ou falsificada. Se, esta tiver apenas observações em concordância, não pode se afirmar que advém de uma teoria empírica – testar uma teoria, é certificar-se de que ela é passível de falhas, não sendo passível de falhas, não se pode testá-la, e assim, dar-lhe credibilidade, importante ressaltar que algumas teorias podem não ter amparo para ser testada de imediato, mas em momento ulterior – reforçando assim que toda teoria deve passar pelos critérios do teste, da falsificação e da refutação.
Outra alternativa proposta por Popper, é que ao se testar uma teoria anteriormente concebida e apoiando-se nela, as observações ou experiências advindas sejam testes a teoria geradora, na busca de falhas, de pontos fracos, mesmo que baseada em outras teorias concorrentes.
Toda teoria precisa ter condições de ser testada, e criticada., não podendo ser conclusiva antes disso, uma vez que está cercada de possibilidades inclusive de erros, assim sendo ocorre o processo de seleção das teorias, onde as mais fracas e menos consistentes acabam por ser descartadas, embora até mesmo as teorias mais estruturadas e fundamentadas também sejam passíveis de serem derrubadas e substituídas, dando-nos a certeza de que nunca poderemos prever qual parte da ciência será revista a seguir, uma vez que a ciência precisa atender a seu tempo e problemas de ordem prática ou teórica, e só se faz ciência quando se ousa errar, uma vez que é com os erros e com a análise detalhada destes, que se aprende, ou se toma novos rumos de pesquisa.
Não podendo de deixar de citar que a ciência nasce de teorias, de preconceitos, superstições, mitos e geradas por estes não se confirmam – que ocorrem de maneira inconsciente, tornando-se conscientes quando nos damos conta de que não aconteceram – que se dá a nível pré-científico.
Importante ressaltar, que ao nos lançarmos em uma pesquisa, quase sempre partimos por problemas que causam incômodos, e dificilmente por observações, uma vez que são os problemas que geram frustração às nossas expectativas.
Outro fator importante a ser citados é que perante um problema, advindos de nossas expectativas frustradas, prosseguimos com tentativas: tentamos adivinhar soluções para tais problemas, que podem argumentar nossas críticas e testes, que por sua vez podem ser refutados, ou não resolver nossos problemas como um todo, e muitas vezes as soluções que resolvem parte do problema logo dão margem a outros problemas e nos deparamos com uma realidade – quanto mais perto da solução, mais e novos problemas temos gerados por nossas expectativas, assim sendo, quanto mais sabemos, mais observadores e críticos nos tornamos, entretanto, a observação não é sempre anterior ao problema, mas surge a partir dele e para dar conta dele, e pode ser favorável ou contrária a uma opinião qualquer.
Quando nos deparamos com um problema, de ordem prática ou teórica, não sabemos muito a seu respeito, e o primeiro passo é a tentativa de o solucionarmos, só assim poderemos começar a compreendê-lo, partindo de soluções menos elaboradas, que dispensem menos trabalho, e que gerem erros, que são os geradores da sua compreensão, porém não dão cabo do problema para soluções mais elaboradas que requerem muito trabalho e que começam a nos clarear o caminho a seguir para solucioná-lo.
Não há solução de um problema sem que este seja minuciosamente trabalhado e subdividido, de modo que se possa ver claramente todas as suas ramificações e interligações – podendo neste ponto ser submetidas às críticas de outrem.
E, é inegável que muito se aprende com as tentativas fracassadas de solucionar um problema e, quanto mais trabalhamos um problema, mais familiarizados com este ficamos e mais compreensíveis às suas dificuldades e mais capacitado para modelar e reformular este problema tem o cientista, estando assim cada vez mais próximo de solucioná-lo.
O nosso não saber é incomensurável, e, quanto mais adquirimos conhecimentos, menos sabemos, e a busca de conhecimento é parte do desconforto causado por esse não saber, nos lançando numa busca incessante pelo saber, gerando mudanças cognitivas na busca da solução dos problemas que frustram nossas expectativas, nos lançando a compreender teorias.
Em suma, fazer ciência, é aceitar que os problemas são multiplicáveis a medida que buscamos suas soluções, e as teorias a cerca destes são criticáveis, e que estamos fadados ao erro sempre e que crescemos a medida que erramos, e isso é uma roda que dá e dará sempre vida a ciência, uma vez que os problemas nunca cessarão, e por mais que soluções sejam encontradas, no próximo momento esta que antes daria conta de amenizar as expectativas, já não mais conseguem conter a temporalidade das soluções.
Diante do exposto, o cientista tem uma função e um compromisso social, sem julgar-se diante de suas tentativas e erros, mas assumir-se como aprendiz com estes, buscando soluções para problemas que causam mal estares sociais, sem nunca se envaidecer com suas teorias, visando uma colaboração com o bem comum, libertando-se de dogmas e preconceitos em prol da evolução científica, indo de encontro com seus ideais, sem destes querer tirar vantagens em benefício próprio apenas, mas libertando-se da ignorância pelo conhecimento; é especializar-se, mas não manter-se trancado nesta, que não promove a auto-libertação e pouco contribui para evolução da ciência e em conseqüência disso da humanidade, que torna-se liberta com a colaboração da ciência fortalecendo os ideais democráticos e de abertura social.

2 - EDUCAÇÃO: A ÚNICA PORTA POSSIVEL PARA A IGUALDADE SOCIAL.


Venho expor através desta análise crítica ante os textos analisados, minha indignação despertada pela observação crítica quanto à educação nacional.
Em meio a uma crescente economia, um processo de seleção que se dá mediante ao grau de educação, e apenas aos mais graduados oportuniza condições melhores de trabalho e em conseqüência disso, de vida, venho sugerir um neologismo: ALFABÉTICOS FUNCIONAIS.
Enquanto se escuta muito o termo ANALFABETOS FUNCIONAIS, venho mostrar minha preocupação com os rumos da educação, explicando o uso deste termo.
Os analfabetos funcionais são aqueles que não mais freqüentam as escolas, sabem ler e escrever básica e precariamente - uma educação de subsistência; aliás, essa educação precária serve muitas vezes apenas para não usar a impressão digital em momentos em que a assinatura é necessária. Duras palavras, mas também é dura a realidade de pessoas que não tiveram a oportunidade da alfabetização de qualidade, realidade que os põe no submundo dos analfabetos que assim os qualifica e assim os condena.
Cito o termo ALFABÉTICOS FUNCIONAIS, quando me refiro às crianças, adolescentes, jovens e adultos que estão nas escolas e recebem uma educação de péssima qualidade.
É preocupante ver crianças e adolescentes no 2º ciclo do ensino fundamental, mais precisamente do 6º ao 9º ano, que mal sabem o que escrevem, não lêem e quando o fazem, muito mal, não interpretam, não tem conexão de idéias, não externam seus pensamentos através de textos, e não produzem nada ou quase nada em sala de aula.
É preocupante ver crianças saindo do 5º ano e entrando no 6º ano sem saber ler o que escrevem em seus cadernos, sem saber as quatro operações, sem saber escrever autonomamente seus nomes, sem carregá-los em erros toscos de português.
Mais preocupante ainda é encontrar em sala de aula, alunos no 3º ano do ensino médio cometendo os mesmos erros toscos, e com as mesmas dificuldades e limitações.
Se o processo de alfabetização se dá também no 2º ciclo do ensino fundamental, porque esses adolescentes ainda trazem consigo a mesma defasagem quando entram no ensino médio?
Um dos grandes problemas da educação, é a especialização. O professor dono da cadeira, dono da disciplina, que não proporciona atividades diversificadas em sala de aula, e que não se permite diante disso ser dono da alfabetização, que é o grande foco da educação, uma vez que é grande o número de alunos em processo de alfabetização que ainda não estão alfabetizados; não amadurecidos e preparados para enfrentar os conteúdos da série em que estão.
Desta feita, a especialização torna-se inimiga da educação de qualidade uma vez que a alfabetização não é e não pode ser responsabilidade apenas da língua portuguesa, o que delega a função de alfabetizar também aos professores das outras disciplinas componentes do currículo escolar.
Reforçando esta observação, cito novamente Geymonet (1985, p. 53):

[...]mas como poderá surgir uma nova cultura, adequada à nossa época, se os cientistas, fechados no seu especialismo, continuarão a recusar assumir um vínculo sério com os problemas gerais?[...]

Diante da ameaça do analfabetismo funcional, todo corpo docente deve se responsabilizar pela alfabetização, ora um aluno que apenas copia estará fadado a não calcular, a não interpretar e enfrentará inúmeras dificuldades em sua vida escolar, e encontrando precocemente o caminho da evasão escolar.
Assim incorremos novamente na educação bancária, onde o aluno é receptor de conhecimentos que ele não tem capacidade para apreender. Dessa forma, cada professor na sua disciplina, muito pouco contribui para uma educação de excelência.
É hora de dar um basta na especialização e mudar de vez os paradigmas uma vez que segundo Popper (1999, p. 139):

[...] um cientista que não tenha interesse ardente pelos outros campos da ciência exclui-se da participação nessa autolibertação do conhecimento através conhecimento, que é tarefa cultural da ciência[...]

Professor é alfabetizador sim, ainda que esteja lecionando no ensino médio que não é mais tido como processo de alfabetização. Essa observação surge dos erros cometidos por anos a fio, e pela repetição destes erros ainda nos tempos atuais nas salas de aula.
Assim, cito Popper (1999, p.118) para reforçar minha observação:

[...] pode resumir-se a opinião aqui apresentada, ao afirmar que a função decisiva da observação e da experiência em ciência é a crítica. A observação e a experiência nada podem estabelecer de modo conclusivo, pois sempre existe a possibilidade de um erro sistemático através da interpretação errada sistemática de um ou outro facto. Mas a observação e a experiência desempenham, sem dúvida um papel importante na discussão crítica das teorias científicas. Essencialmente, ajudam-nos a eliminar as teorias mais fracas[...]

Inúmeros são os fatores da falência educacional podendo-se citar o fato de que as famílias estão ausentes do processo educacional de seus filhos, responsabilizando a escola por todo esse processo, que se dá desacompanhado, desamparado.
Com os novos tempos, com as novas necessidades, a função da maternagem que era função da mãe ou da figura familiar feminina, muitas vezes não acontece mais, e as crianças ao chegarem às escolas não mais chegam carregadas de afeto positivo, mas de afeto que afetam. As famílias assumem moldes cada vez mais diferenciados, e essas crianças precisam dar conta de problemas que muitas vezes não são seus.
Posso qualificar isso como desamparo parental. Muitas vezes que não se dá voluntariamente, mas por vezes, necessariamente. Diante dessa nova realidade as crianças desde muito cedo precisam criar estratégias de autonomia, visto a garantir sua sobrevivência, e são carregadas de responsabilidades, defesas, e até de ingenuidade.
Diante da necessidade de dar muitas vezes o amparo parental, a escola se vê diante de um grande conflito, suprir essa carência, e cumprir o vasto currículo, e no confronto dessas duas realidades se dá a indisciplina em sala de aula acompanhada de baixa aprendizagem.
Voltando os olhares de forma crítica, sensível e observadores, pode-se traduzir a indisciplina muitas vezes como a necessidade de resgatar afetos perdidos no sítio familiar, mesmo que seja em forma de correção, de limites, uma vez que todos nós temos por questões até de instinto de sobrevivência a necessidade de limitar nossos atos, e quando não o podemos fazer autonomamente, que seja imposto por terceiros.
É papel da escola impor limites, quando esses ainda fazem parte do cotidiano de alguns educandos, mas também de oportunizar crescimento cognitivo.
De nada adianta limite, sem a oportunização de educação de qualidade que garanta a autonomia, uma educação que se aproxime das necessidades educacionais de sua clientela. É preciso estar atentos ao fato de que as necessidades de hoje são outras, e que o professor não pode mais ser autor de uma educação unilateral, precisa por sua vez oportunizar as descobertas em sala de aula, e não mais vir cheio de teorias prontas, acabadas, inflexíveis, que não mais formam alunos imaginativos, capazes de interpretar problemas, estruturar pensamentos e testar fórmulas, precisa se enxergar como ator aprendente na sala de aula, não mais como detentor do saber.

[...] contra essa indolência intelectual que nos retira aos poucos o senso da novidade espiritual, o ensino das descobertas ao longo da história científica pode ser de grande ajuda. Para ensinar um aluno a inventar, é bom mostrar-lhe que ele pode descobrir. É preciso também inquietar a razão e desfazer os hábitos do conhecimento objetivo[...] (BACHELARD, 1996, p. 303;304).

Sem esta, estaremos formando uma massa de limitados.
As escolas e seu corpo docente, precisam redescobrir e redefinir os moldes da educação de modo a proporcionar uma aproximação íntima com a realidade das famílias que ali serão atendidas por meio da educação oferecida.
E, é preocupante a realidade escolar pública em nosso país, podendo concluir que quando ainda hoje professores se põem na posição de detentores do saber e da disciplina, alunos ainda chegam a tão alto nível de escolarização sem conhecimentos básicos muito anteriores a série em que estão.
E, assim será por longos anos se a educação ainda se pautar em números, em estatísticas, que condizem muito pouco com a realidade de fato.
Ainda citando Popper (1999, p. 129;130), venho complementar:

[...] a nossa ignorância não tem limites e é esmagadora. Cada porção de conhecimentos que adquirimos serve para abrirmos mais os olhos para a vastidão da nossa ignorância.[...] A tensão entre o nosso conhecimento é decisiva para o aumento cognitivo. Inspira o avanço do conhecimento e determina as suas fronteiras sempre em mudança.[...] um problema surge, cresce e torna-se importante graças aos nossos fracassos na sua solução.[...]

A educação hoje deveria estar pautada em boas práticas educacionais do século passado que foram abandonadas, quando os alunos que não adquiriam os conhecimentos das séries que estavam seguramente não avançariam para a série seguinte e ali no seu tempo de amadurecimento correto, resgataria esses conhecimentos, prosseguindo apenas quando sua dificuldade fosse resgatada. Onde o professor era mal remunerado, mas em contrapartida ainda era a autoridade da sala de aula, sem precisar usar de autoritarismo. O conhecimento, a aprendizagem realmente acontecia, e os currículos eram enormemente mais pesados, com disciplinas que hoje não mais aparecem nos currículos escolares. Infelizmente, a escola não era para todos, como hoje é, mas os que ali podiam estar, de fato aprendiam, mais disciplinas e com uma aprendizagem duradoura, não superficial.
Penso que muitas teorias foram mal interpretadas, e fadas ao esquecimento, ou ganharam roupagens inadequadas, desvalorizando com isso a construção do conhecimento.
Desconstruíram boas teorias, teorias que deram certo por longos anos, ou deixaram de observar pontos importantes dessas teorias que deveriam estar adaptados as novas teorias.

[...] não podemos derrubar uma boa teoria sem aprender uma imensidade de coisas com ela e com o seu fracasso. Como sempre aprendemos com nossos erros. O derrube de uma teoria causa sempre problemas novos[...] ( POPPER, 1999, p. 133).

É certo que as teorias só se reconstroem através dos erros, e os problemas só aparecem com a observação, mas já é chegada a hora de procurar novas teorias que busquem solucionar o problema da educação pública brasileira, não mais se pode apenas observar sem promover mudanças, uma vez que o problema que se instaurou é ainda muito maior do que o que se tinha no século passado.
As exigências são outras, as necessidades também, estamos cercados por altas tecnologias que se apresentam de forma muito mais sedutora e interessantes que as salas de aulas, que os componentes curriculares, que os livros didáticos, que professores retrógrados e individualistas, e, portanto, a educação precisa ser outra, pautadas em boas e velhas teorias, adaptadas aos novos tempos, às novas tecnologias, uma vez que o abandono de bases sólidas gerou-se um problema no campo teórico e no prático.
Ainda há muito a ser explorado em nossas crianças em fase de alfabetização, e muitos resultados podem ser obtidos. A educação é um problema a ser estudado, não há moldes perfeitos, nem tão pouco inacabados. A educação é um problema solucionável, em construção constante, e muitos são os agentes dessa construção.

[...] o ponto que quero afirmar é que, embora continuemos a fracassar, na solução do nosso problema, teremos aprendido muito na nossa luta com ele. Quanto mais tentamos, tanto mais aprendemos a seu respeito – mesmo que falhemos sempre. É claro que, tendo-nos deste modo familiarizados com o problema – ou seja, com as suas dificuldades – temos uma melhor hipótese de o resolver do que alguém que nem sequer compreende as dificuldades[...] (POPPER, 1999, pg.128-129)

Importante ainda, se faz apontar outro problema na educação: os gestores educacionais precisam ser educadores, precisam ter enfrentado uma sala de aula por anos e não por dias ou meses, precisam ter consolidado suas teorias na vivência como docente, precisam conhecer os problemas reais que as escolas enfrentam em suas rotinas, precisam conhecer de perto a luta da classe, suas dificuldades enquanto professores para direcionarem suas práticas de gestão, podendo assim beneficiar um todo, não apenas os interesses públicos. Um administrador não terá uma visão da educação que tem um professor, mesmo que um professor tenha noções de administração que lhe possibilite em outro estágio administrar e gerir uma escola com a mesma maestria que um bom administrador. Mas práticas administrativas não são práticas educacionais. Um advogado por mais que se especialize, por mais que conheça de leis e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescentes) jamais conhecerá a prática docente, por mais que se lembre de seus longos anos de estudante e de suas dificuldades enquanto ator desse processo. Quem conhece a realidade da educação é o professor, e cabe a ele reconstruir a educação.
A educação não pode mais se deparar com ideologias, uma vez que não há uma fórmula certa como em cálculos matemáticos para solucionar o problema instalado.
Avaliando esse emaranhado complexo de falhas na educação, o pensamento de Popper (1999, p. 129) respalda:

[...] “trabalhar um problema” criticamente: de conhecê-los, de nos aproximarmos e familiarizarmos verdadeiramente com ele, e assim talvez aumentar as nossas possibilidades de encontrar um dia, uma solução satisfatória e ilustrada. [...] Que é compreender um problema? [...] É tentar resolvê-lo e falhar. Só começamos a compreender o nosso problema se verificarmos que uma solução óbvia não o resolve. Porque um problema é uma dificuldade. E tal apenas se pode fazer descobrindo que não existe uma solução fácil e óbvia para ele. Assim, apenas nos familiarizamos com um problema, após inúmeras tentativas goradas para o resolver. E, após uma longa série de fracasso – de tentativas que nos oferecem soluções que se revelam aceitáveis – podemos até tornar-nos especialistas neste problema particular.[...]


Tal solução também não pode se prender a discursos fabulosos, currículos implementados, palavras difíceis que confundem a capacidade crítica do cidadão comum e a torna um código indecifrável. O problema da falência da educação é de ordem social e atinge principalmente as classes menos favorecidas. E, muitas vezes uma pergunta insiste em se repetir: Não será estratégia governamental manter a educação no patamar em que se encontra? Ou são os governantes também analfabetos funcionais? Que só conseguem ler que de fato é importante para eles? E não enxergam nas entrelinhas o problema que grita por anos?
Os alfabéticos funcionais de hoje serão os analfabetos funcionais de amanhã e essa realidade não pode perdurar.
A educação precisa se dar democraticamente e ultrapassar as fronteiras impostas pelos muros da escola, precisa ser uma vontade social, e, garantir uma sociedade aberta :

[...] Uma sociedade aberta, (isto é, uma sociedade baseada na idéia de respeito pelas opiniões dissidentes e não pela sua simples tolerância) e uma democracia (isto é, uma forma de governo dedicada à protecção de uma sociedade aberta) não podem florescer se a ciência se tornar posse exclusiva de um conjunto fechado de especialistas. Acredito que o hábito de expor sempre o nosso problema, com a maior clareza possível muito contribuirá para auxiliar a importante tarefa de tornar a ciência – quer dizer, as idéias científicas – melhor e mais amplamente entendida [...] (POPPER, 1999,p. 140).

CONCLUSÃO.

Não basta com os desafios do mudo atual ter escolas suntuosas, ter vagas para todos aqueles que queiram, incluir de qualquer maneira, sem que se tenha total aparato para abarcar a inclusão de forma satisfatória e com qualidade para quem é incluído, é preciso que haja uma educação verdadeira, formadora e geradora de uma massa autônoma, pensante, capaz de promover mudanças.
É preciso que os números falem, mas falem verdadeiramente, falem a nível de igualdade, a nível de criticidade.
A educação é a única porta possível para a igualdade social, é a única garantia de uma sociedade desenvolvida, é a única a formar cidadãos autônomos e competitivos, capazes de promover mudanças pessoais e sociais.
A educação é a única forma de se implantar sonhos, e realizá-los, é a única forma de mudar em larga escala. É a única forma de se promover justiça social.
Muito ainda há por ser feito, o caminho ainda está começando a ser percorrido, mas para que a educação seja de qualidade e para todos verdadeiramente, é necessário que muitos paradigmas sejam mudados. É preciso uma tomada de consciência de forma global. É preciso que as pessoas queiram abraçar essa mudança e sejam autores de seus direito. Autores de fato, que ajam em benefício próprio e coletivo.
A educação deve ser sonhada por todos, e principalmente vivenciada como a única oportunidade de mudança real.
Educar é uma responsabilidade de pais, professores, gestores, governantes e legisladores, e não basta que toda a teoria e legislação que a amparam e garantem-na, sejam bonitas no papel, precisam funcionar, precisam ser verdadeira, precisam acontecer e muito mais, precisam provocar e promover mudanças.
É só e somente só através da educação que se atinge a igualdade de oportunidades e de valores.
Não se faz educação só, uma vez que a educação é um processo, não é, e não pode ser unilateral, precisa ser uma luta armada travada por todos, mas, armada de letras, de sílabas, de palavras, verbetes, conjugações, plurais, números e múltiplos, boas histórias, localizações certas, fórmulas, cálculos, pois precisa ser multiplicada, pois só assim o produto dessa luta será comemorado com sonhos e consequentemente com progresso para a nação e para todos aqueles que dela se armarem.
Educar é possível, mudar é necessário e urgente.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Professor - profissão perigo!




Sempre me questiono sobre o que leva um aluno de 14 anos ainda na 5ª série a apontar uma faca na cintura de um professor, e adentrar à escola impondo sua sensação de poder ao impunhar uma arma branca desferindo ameaças.
Nossa escola está doente, nossos alunos e professores também.
Não temos mais segurança enquanto no exercício de nossa profissão. Estamos abandonados, tanto quanto nossos alunos pelas famílias que têm papel de suma importância neste contexto. Abandonados também pela gestão que muitas vezes mascara a situação emergencial.
Esse é o perfil de nossas escolas. Visivelmente fragilizadas pela violência em sala de aula e pela necessidade de se calar diante da situação de confronto.
Fragiliza-se ainda mais, ao se calar, mas a represália pode ser ainda maior, ao se expor.
O desamparo parental é uma das pernas que falta para que a escola dê passos firmes na formação de nossos alunos, mas por sua vez, em exercício de sua função, a família cada vez mais se afasta do ambiente escolar e até da formação moral de seus filhos.
Passa assim a ser função da escola, além da educação, a função de ser pai, de ser mãe, de dar assistência em outros campos que não o da educação. E, cada vez mais a escola se sobrecarrega de funções, quase sempre não dando conta de sua função primeira: o binômio ensino x aprendizagem.
Diante disto, nossos professores estão mais expostos, mais fragilizados, mais estressados, mais doentes e sem dar conta de suas angústias enquanto profissionais.
É preciso que, antes de educar, a escola se comprometa com o resgate de suas crianças dê acolhimento, humanize seu atendimento para fazer o caminho contrário do que se apresenta no quadro escolar atualmente e assim garantir segurança e tranqüilidade aos profissionais que ali zelam pela qualidade da educação.
Unir forças – esse deve ser o novo norte da escola, para que diante da situação catastrófica não nos perdamos enquanto seres humanos que somos antes de sermos professores.
Somente de mãos dadas nossa escola caminhará com segurança.
Esse é um desabafo. Sem ter provocado nenhuma situação, surpreendentemente, tive uma faca fincada em minha cintura e o mesmo menino de 14 anos adentrou à escola desferindo ameaças. Estamos reféns! Não me calei, enfrentei, perigosamente enfrentei, e me expus. Não sei qual será o preço que terei de pagar, mas me expus.

domingo, 18 de outubro de 2009

O Professor está sempre errado! Jô Soares.



O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!

É jovem, não tem experiência.É velho, está superado.

Não tem automóvel, é um pobre coitado.Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.

Fala em voz alta, vive gritando.Fala em tom normal, ninguém escuta.

Não falta ao colégio, é um 'caxias'.Precisa faltar, é um 'turista'.

Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.Não conversa, é um desligado.

Dá muita matéria, não tem dó do aluno.Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Brinca com a turma, é metido a engraçado.Não brinca com a turma, é um chato.

Chama a atenção, é um grosso.Não chama a atenção, não sabe se impor.

A prova é longa, não dá tempo.A prova é curta, tira as chances do aluno.

Escreve muito, não explica.Explica muito, o caderno não tem nada.

Fala corretamente, ninguém entende.Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.

Exige, é rude.Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição.O aluno é aprovado, deu 'mole'.


É, o professor está sempre errado,mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Para refletir!


Esta é a realidade da educação em nosso país!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Não é fórmula, mas vale a pena dar uma lida! Façam bom proveito da leitura; e pratiquem!


Em pesquisa realizada em março de 2004, pelo IBOPE, entre os psicólogos do Conselho Federal de Psicologia, os entrevistados colocaram o Dr. Içami Tiba como terceiro autor de referência e admiração - o primeiro nacional.
1º- lugar:Sigmund Freud
2º- lugar: Gustav Jung;
3º- Lugar: Içami Tiba
1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.
2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar com internet, som, tv, etc...
3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.
4. É preciso confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.
5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.
6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente.
7. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer.
8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.
9. É preciso transmitir aos filhos a idéia de que temos de produzir o máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.
10. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente.
11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de vista sexual.
12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso da droga . A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo' .
13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.
14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.
15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.
16.. Não pode prometer presente pelo sucesso que é seu dever. Tirar nota boa é dever. Não xingar avós é dever. Ser polido é dever. Passar no vestibular é dever. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade.
17.. Muitas são desequilibradas ou mesmo loucas. Devem ser tratadas. (palavras dele).
18.. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá que engolir também.
19.. Videogames são um perigo: os pais têm que explicar como é a realidade, mostrar que na vida real não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.
20.. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.
21.. Pais e mães não pode se valer do filho por uma inabilidade que eles tenham. 'Filho, digite isso aqui pra mim porque não sei lidar com o computador'. Pais têm que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível pagarem para falar com o filho que mora longe.
22.. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.
23.. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.
24.. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que mostrar qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.
25.. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar. Frase: "A mãe(ou o pai!) que leva o filho para a igreja, não vai buscá-lo na cadeia... Quem teme a Deus, respeita os pais! Quem não sabe que há um poder eterno e maior que os próprios pais não aprendeu o principal na vida: Amar a Deus sobre todas as coisas..."

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

.....

http://www.youtube.com/watch?v=gl74J-aAnfg

Para quem sentiu falta dos meus textos....ainda estou fugindo....
aliás, fugirei para sempre...
todas as piores perdas ao mesmo tempo...
perdi, perdi tudo e todos..estou perdendo a mim mesma a cada dia...

MEU PAI, MEU HERÓI, SAUDADES E GRATIDÃO ETERNAS......

quarta-feira, 24 de junho de 2009




A inclusão de pessoas com deficiência auditiva nas escolas regulares e nas escolas especiais.


Incluir pessoas com deficiências auditivas em uma escola regular requer muito além de novas pedagogias, de novas teorias,novas tecnologias, requer muita disciplina, prática e novas estruturas principalmente estrutura pessoal para atender a esse público que tem necessidades tão particulares.
Incluir um surdo, não acontece de uma hora para outra, é um trabalho que deve ser conjunto, família, criança surda, profissional da educação e da saúde, não podendo deixar de lado que a inclusão perpassa também pelos alunos ouvintes que deverão interagir com as crianças surdas presentes na sala de aula regular.
A língua Portuguesa, diferente do que acontece com os cegos, os surdos não conseguem transcrevê-la literalmente para a Libras, uma vez que a Libras requer interpretação, e tradução simultâneas para se estabelecer uma relação entre as duas línguas. Há também que se levar em conta o regionalismo que diferencia os sinais.
Para que uma criança adquira habilidade para se comunicar em Libras é necessário que ela receba estímulos, para que possa evoluir e alcançar uma maturidade que a possibilite a fluência na Libras.
Os surdos, muitas vezes precisam adaptar-se a leitura labial, o que rouba deles a identidade que conseguem com a Libras e a independência que ela gera ao surdo.
A escola tem o papel de fazer as crianças com deficiência auditiva superarem as dificuldades advindas da deficiência e promover a inclusão de fato e verdadeira, que essas crianças tenham autonomia na língua portuguesa no âmbito da leitura e escrita.
Importante se faz mencionar, que se a escola não tiver um intérprete de Libras, de muito pouco adiantará a inclusão dessa criança, uma vez que ela não criará sua identidade, e poderá ter algum aprendizado, mas não da mesma forma que teria se for acompanhada em seu processo de aprendizagem por um intérprete que transmitirá todo conteúdo e poupará o esforço da leitura labial que não é o mais indicado, e que atrasa o processo de inclusão.
É importante que a escola promova formação e capacitação em Libras dos professores que estarão de frente da educação dessas crianças tão especiais. Deve além de formação promover discussões com todo seu corpo docente, mesmo com aqueles que não estão diretamente ligados à educação das crianças surdas para que possa haver maior interação de todos os participantes do corpo Escola, a fim de promover um espírito inclusivista e dar conta das necessidades urgentes de inclusão.
O surdo tem os mesmos direitos de uma criança que não tem deficiência e, portanto tem a mesma garantia de estudar em uma escola regular. Precisa conviver com ouvintes pois é esse o mundo que o incluirá ou excluirá do lado de fora do seio da família, e é por isso que eles (surdos) tanto quanto as crianças ouvintes devem ter seu direito à educação preservados.

Ao iniciar o processo de integração escolar do aluno com deficiência auditiva em uma escola, especial , esta deve oferecer total apoio educacional à criança deficiente auditiva que se põe no papel de educando em turno inverso ao da escola regular e ainda auxiliar o trabalho do professor regente da classe comum.
Uma escola regular para incluir um deficiente auditivo deve ter estrutura física e pessoal adequada contando com a presença de intérprete de Libras, deve ter uma classe pequena com no máximo 25 alunos contando com o deficiente que deve ter idade compatível com o restante da classe, e que a família seja presente no processo educacional.

domingo, 7 de junho de 2009

Diário de Classe. Movimento de Combate à Violência Sexual contra a criança e o adolescente na EEEFM Terra Vermelha.







No dia 18 de maio de 2009 - dia Nacional do Combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e de adolescentes,o Minicípio de Vila Velha esteve mobilizado nesta causa.



Nós educadores que trabalhamos cmo crianças e adolescentes, estamos em contato com esse problema diariamente, entretanto, muitas vezes não sabemos identificar os sintomas dessa doença, e essas crianças ficam expostas aos danos que decorrem desse mal social, que são muitas vezes irreparáveis.



Infelismente muitas vezes os abusos são frutos de questões sociais machistas, e acontecem dentro de casa por pessoas que deveriam ser os maiores protetores das crianças - seus pais.



Dentre esses danos é possível identificar os que atentam contra a saúde física, psíquica bem como danos nas constuções morais e sociais.



Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes é crime, e violam cruelmente os direitos humanos.



Esses abusos afetam de forma drástica a auto-estima, a auto-valorização e a construção do "eu" dessas crianças e adolescentes, que crescem vítimas, que arriscam-se ao contágioo de doenças sexualmente transmíssíveis, à gravides na infância e adolescência e muitas vezes se calam diante da violência sofrida e da impotência ante a situação.



Importante se faz nesse caso, a observação. Identificar mudanças no comportamento, introspecção, medo excessivo, choro, mãos suadas, ansiedade, resistência em voltar para casa, silêncio, mudanças bruscas e repentinas de comportamento, auto-mutilação, agressividade, dificuladade em estabelecer amizades, ausência na escola, olhar perdido, necessidade de chamar atenção, inquietação, entre ooutras características que se diferenciam de antigas caracterísitcas pessoais, podem ser indicativos de violência sexual.



Existem entretanto, duas formas de abuso sexual:



- a consentida;



- a sem consentimento.



Entretanto, as duas formas, independentes de sua natureza configuram crime.



E, a maior característica da violência consentida é o aparecimento de objetos que antes a criança e adolescente não possuía e não teria condições de possuir, e não é clara ao explicar a procedência de tais objetos quando questionada, a exemplo disso, balas e doces, roupas e brinquedos dentre outros objetos.



A violência sexual pode levar ao consumo de drogas lícitas e ilícitas e é um dos piores males sociais, e, na maior parte das vezes esbarra no silêncio. Silêncio dos pais que percebem as modificações de seus filhos e não os questionam, não intervem, silêncio dos pais quando sabem, conhecem o criminos e são omissos, desprotegendo seus filhos em função da proteção do agressor, e até quando são privilegiados com tal situação, silêncio dos vizinhos e parentes quando sabem da violência mas preferem não se envolver, dos professores que muitas vezes não tem condições de analisar individualmente cada aluno, das autoridades que ainda fazem vista grossa para essa triste realidade.



Essa não deve e não pode ser uma guerra de um só soldado. Essa, precisa ser uma guerra social, que mobilize e cosncientizem a todos, é necessário que as mudanças ocorram de forma radical e dura, e que puna de fato os criminosos. Nossas crianas não podem ter mais suas infâncias roubadas e seus sonhos destruídos.

domingo, 31 de maio de 2009

Pós Graduação FDE -Vitória - 23/05/2009.
















Gostaria de agradecer aos alunos da Turma de Pós Graduação em EJA - FDE - Vitória - ES, 23/05/2009, pelos momentos de reflexão, interação e aprendizagem em Psicologia da Educação. Mais uma semente plantada.





Em breve, nova aula.









Diários de sala de aula...




Um certo dia, pela manhã, chega em minha sala de aula uma mãe trazendo seu filho para o primeiro dia de aula dele naquela escola. Já haviam se passado algumas semanas do início do ano letivo.Era um menino miúdo, e o que me chamou bastante a atenção foi que a mãe, grávida de uns 6 para 7 meses, fez algumas observações sobre seu filho.
- Meu filho é muito tímido, tem dificuldade para fazer amizades.
De fato, com o transcorrer dos dias percebi que as afirmações da mãe iam se confirmando.
Ele era realmente um menino bastante calado, conseguira estabelecer uma amizade considerável com apenas um menino da classe (que coincidentemente tinha o mesmo nome que ele); com certa dificuldade (ou preguiça) para resolver os exercícios propostos e, bastante faltoso.
Ainda não conseguia identificar sua voz em meio a voz dos outros alunos da classe; ele quase não falava!
Nem à chamada respondia, levantava timidamente o dedo. No mais, um bom menino.
Sabia da gravidez de sua mãe, e pelo tempo que a vi, provavelmente o bebê estava próximo de nascer.
Nas últimas semanas, percebi que o aluno em questão faltou bastante e em dias seguidos o que não era comum uma veza que faltava em dias alternados.
Apesar de teoricamente ele parecer ser um aluno imperceptível pelo seu silêncio, sou bastante observadora e questionadora com meus alunos, quero saber de suas histórias, de suas dificuldades, de seus sonhos, e procuro sempre despertá-los para sonhar, para não se acomodarem com a dura realidade da periferia em que vivem e; os alunos silenciosos são os que me despertam maior curiosidade.
Depois das faltas do menino, ele apareceu na escola com o comportamento notadamente diferenciado.
De menino franzino quieto, tímido, passou a falante, implicante, agressivo. Pude observar suas reações sem intervir e questionar por uns dois ou três dias, quando lancei a pergunta:
-Por que faltou tantos dias?
-Minha mãe estava no hospital.
Retomei a conversa perguntando se ela estava bem, não querendo tocar diretamente no assunto da gravidez.
-O bebê nasceu!Ele é prematuro. Mas já está em casa.
Percebi então que havia acontecido algo que pudesse alterar tão significativamente um comportamento que outrora era apagado pela timidez excessiva.
Indaguei novamente.
-Ele é bonitinho?
-Sim, é, mas é bem pequeno.
- Você está brincando muito com ele?
-Não!
-Por que? Não gostou do irmãozinho?
-Sim, mas minha mãe já entregou para o pai.
Calei-me diante de tal resposta e de tão dura realidade, meus recursos por hora estavam esgotados para delongar tal assunto.
Pensei sem questionar; como assim? Entregou para o pai! Um bebê prematuro de dias?!?!?
Muito me causou espanto a naturalidade com que essa criança, um menino de no máximo 11 anos me falou uma frase que me chocou por idas.
Para mim, havia meia explicação para uma mudança tão repentina de comportamento.
Ele, uma criança acabara de ver a mãe, uma jovem, de no máximo 25 anos se desfazer de uma outra criança de dias, indefesa.
Analisando a situação me questiono. Quantas inseguranças essa criança construiu ao longo de seus 10, 11 anos? Qual a imagem que essa criança construiu da sua mãe? Quais seus medos? Será que ainda sonha? Quantas decepções e frustrações? E seu pai? – não tive coragem e oportunidade certas para questioná-lo.
Fico indignada de ver como os valores familiares estão minimizados, ou como se perderam.
Como pode uma mãe entregar seu filho de dias?Um bebê, que ela carregou em seu ventre por meses!
Como essa mãe agrediu tão seriamente essas duas crianças!
Essa realidade não é privilégio ou azar de regiões de periferia, está disseminado por todo mundo, nas melhores e piores cidades, nos melhores e mais radicais países.
Nossas crianças estão fadadas a enfrentarem precocemente realidades tão duras que suas maturidades ainda não dão conta de assimilar e entender, e isso justificaria em partes comportamentos tão agressivos – uma agressividade defensiva.
Incosncientemente reagem no impulso de se defenderem sempre e produzem o tempo todo reações que expressão essa dura conclusão: ou ele(a) ou eu!
As que não conseguem por algum motivo processar a necessidade de defesa, acabam por ser engolidas pelo sistema que impõe a sobrevivência e se colocam à margem, são literalmente excluídos, e assim irão crescer.
A realidade nas escolas é outro drama, faltam professores e os que estão na sala de aula precisam enfrentar pesadas jornadas de trabalho para compensar os baixos salários e garantir o mínimo de qualidade de vida.
A pouca cultura e perspectiva dos pais influenciam direta e negativamente no rendimento escolar de seus filhos. Na realidade poucos são os pais que verdadeiramente se comprometem com a educação de seus filhos, que querem de fato mudar o rumo da história dessas crianças.
Poucos são os pais que ensinam seus filhos a sonharem, que além de ensinarem dão ferramentas de produção desses sonhos, poucos são os pai que se dispõem a “perder” (na realidade esse perder é ganhar) alguns minutos do seu dia brincando com seus filhos, pouco são os pais que apresentam livros à seus filhos,e muito mais que isso que contam histórias e que proporcionam a essas crianças uma viagem ao país da fantasia. Poucos são os pais que crêem que a leitura transforma, resgata, forma e informa.
A educação precisa começar em casa, não há outro caminho, e a família tem que ser suporte para suas crianças, nossas escolas não podem mais ser depósitos de crianças, precisa resignificar sua função – não pode mais acolher sem transformar.
Nossas crianças precisam reaprender a sonhar, mas sonhar e poder realizar, desejar e poder conseguir, precisam redescobrir valores, descobrir novos caminhos que não os que levam única e somente à sobrevivência, mas caminhos que os permitam a plantar e colher sonhos empreender, desbravar, lutar e reconhecer suas forças, traçar e alcançar objetivos.
Quanto ao meu aluno, não é mais o mesmo aluno que adentrou àquela sala de aula e tomou seu assento timidamente. Com certeza, é uma criança marcada e que terá dúvidas e incertezas ao escolher seu caminho. Não é mais o tímido menino, é um menino que terá que aprender a sobreviver e superar suas frustrações e inseguranças e principalmente, vencer seus medos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Boa notícia aos amantes da boa leitura!


Para os amantes da boa leitura e da leitura voltada para a educação , está aí uma boa dica!


As obras do grande Mestre da Educação Paulo Freire agora estão disponibilizado para impressão .

É importante que cada professor tenha esse aterial riquíssimo para estudo, pesquisa e conscientização de nosso papel como esducadores esteja nas mãos de cada um que tem o grande compromisso com a educação de nossas crianças e jovens.


Para todos, boa leitura, boa pesquisa, e boa reflexão.


Livros de Paulo Freire desbloqueados para impressão

Preciosidades da obra de Paulo Freire desbloqueadas pra impressão/dowload no
site :
http://www.ac. gov.br/bibliotec adafloresta/ biblioteca/ index.php? option=com_ content&task= view&id=638& Itemid=128.

São livros importantíssimos de um pensador brasileiro comprometido
profundamente com as causas sociais. O material é inovador, criativo,
original e tem importância histórica inédita.

Livros de Paulo Freire desbloqueados para impressão

Preciosidades da obra de Paulo Freire desbloqueadas pra impressão/dowload no
site :
http://www.ac. gov.br/bibliotec adafloresta/ biblioteca/ index.php? option=com_ content&task= view&id=638& Itemid=128.

São livros importantíssimos de um pensador brasileiro comprometido
profundamente com as causas sociais. O material é inovador, criativo,
original e tem importância histórica inédita.

- A importância do ato de ler:
- Ação Cultural para a Liberdade:
- Extensão ou Comunicação:
- Medo e Ousadia:
- Pedagogia da Autonomia:
- Pedagogia da Autonomia:
- Pedagogia da Indignação:
- Pedagogia do Oprimido:
- Política e Educação:
- Professora sim, Tia não:
Boa leitura a todos!!!!

domingo, 26 de abril de 2009

Aula em Ibiraçu - FDE - Faculdade de Educação - Pós Graduação em Alfabetização e letramento nas Séries Iniciais e na EJA.






FDE - Faculdade de Educação
Vitória - ES
Metodologia Científica - formando pesquisadores pelo Espírito Santo.
Gostaria de agradecer a todos os alunos do Curso de Pós Graduação em Alfabetização e letramento nas séries iniciais e na EJA de Ibiraçu -ES.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cultura Surda



Durante muito tempo os surdos como outras pessoas com necessidades educacionais especiais foram deixados à margem da sociedade.
Crianças surdas quando tinham oportunidade de se alfabetizarem, se deparavam com enormes dificuldades, uma vez que ao não escutar os sons do mundo, precisavam se adaptar ao novo ambiente escolar, saindo do ninho protetor da família, e lançando-se ao mundo que a eles se apresentava com obstáculos ainda maiores que a nós ouvintes. Quebrar as barreiras e lançar-se igualmente era a necessidade primeira.
Em primeiro momento, aprenderam a se adaptar à leitura labial e dela traçar formas de comunicação verbal surda – sem som, mas com distinção de informações que assim eram adaptadas e por vezes apreendidas. Assim, crianças surdas se adaptavam à nova realidade a ser vivenciada, e começavam a se lançar rumo a um futuro autônomo.
Todas as crianças, independente de suas necessidades educacionais precisam ser educadas para uma vida autônoma, e as crianças com necessidades educacionais especiais, necessitam de maiores preparos para alcançarem sua autonomia.
Com o passar do tempo e com o advento da inclusão social, todas as crianças passaram a ter acesso à escolas regulares, e não precisavam mais se fechar dentro dos muros das escolas específicas- segregadoras.
Novas fórmulas para o convívio com toda sorte de diversidade foram surgindo e as adaptações tornaram-se emergentes.
Cada diversidade demanda de adaptações específicas, no caso particular de alunos surdos, a leitura labial não mais dava conta das necessidades apresentadas, uma vez que muito mais os surdo entendia do que as pessoas que com ele se comunicava, portanto havia uma lacuna a ser preenchida, uma cisão, uma ruptura na comunicação.
Diante das necessidades emergenciais, e da cisão que sempre se interpôs entre ouvintes e surdos, a solução ou possível solução para a fluência da comunicação se apresentou pela LIBRAS – Língua Brasileira do Sinais. É importante ressaltar que nossa linguagem dos sinais foi importada da França e aqui sofreu e sofre suas modificações que se adaptam regionalmente.
Assim, poderia-se vislumbrar um futuro promissor a todas as pessoas suras. Mas, nossa realidade apresenta-se por outra face. Durante muitos anos, a educação por libras era proibida dentro das escolas, precisando com isso que crianças surdas perdessem suas identidades oprimindo-se diante do sistema que versava a exclusão ainda que mascarada.
Pouco a pouco as fronteiras que separavam as crianças da LiBRAS que facilitaria, que promoveria a inclusão e o respeito às diferenças foi-se encurtando.
Hoje, a LIBRAS é a linguagem oficial da comunidade surda, é sua marca, sua identidade e passaporte ao mundo de oportunidades que a todos se apresenta de igual maneira.
É preciso, entretanto, demarcar que, muito ainda há por ser feito, uma vez que se não houver a união de forças entre família e escola muito pouco poderá ser feito.
O surdo precisa ser aceito de igual maneira pela família em primeiro tempo, que a ele deve garantir oportunidades e dar-lhes condições de convívio social.
E, a sociedade deve conscientizar-se das possibilidades que se apresentam pelas diferenças, e se permitir a aprender com os novos caminhos.
Importante ressaltar ainda , que, existe uma grande defasagem de profissionais da educação que se dispõem a se preparar para enfrentar esse desafio e abraçar essa causa; e não podemos nos omitir à nossa responsabilidade como formadores sociais, e, precisamos nos atentar que somos apenas um grão de areia e muito ainda há por ser feito. Nossas crianças surdas precisam e têm o direito à igualdade e, somos nós educadores o fio condutor dessa mensagem inclusivista.

domingo, 22 de fevereiro de 2009























Bem, é fácil falar em superação, em não preconceito, em inclusão, em direitos à educação, lazer, saúde, é fácil discursar a cerca do tema sem ter conhecimento de causa.
Acho que a palavra mágica que posso usar com grande certeza, é viver!
Esse jovem é o Saulinho! Filho da periferia de Vila Velha, com uma deficiência que poderia tê-lo deixado em casa, triste, sem vida, sem brilho sem sonhos e perspectivas, o grande pequeno rapaz deu a volta por cima, criou asas mudou sua história e está realizando cada um dos seus sonhos. Ascendeu sua estrela e ilumina por onde passa com seu sorriso cativante, com sua gana, com sua alegria, com seus sonhos, que transforma em realidade um a um.
Saulinho é um exemplo pra EEEFM Terra Vermelha em Vila Velha - ES. Lá fez seu ensino fundamental, com a ajuda de seus colegas e fãs, subia carregado todos os dias para a sala de aula, terminou brilhantemente seus estudos. Hoje é um grande exemplo e um grande incentivador dos alunos da escola e também dos outros jovens que moram nas redondezas. Saulinho é esportista, um para-atleta, pratica futebol sobre skate, atletismo na cadeira de rodas e agora está em um time de basquete para cadeirantes e seu sonho maior: as Paraolimpíadas, e cursar Educação Física em uma faculdade.
Não lhe faltam incentivadores, falta-lhe patrocínio. Mas esse também ele conseguirá, como tudo em sua vida.
Quem o conhece se encanta, como eu me encantei com sua luz!
Precisamos enxergar em cada exemplo desses uma valorosa lição. Precisamos desse tipo de espelho para corrigirmos nossas atitudes e repensarmos nossas vidas.
Saulino, Rafael, Lavínia, Rodrigo, entre tantos outros jovens e crianças especiais, porque para mim são especiais, jamais deficientes, minha eterna admiração!